sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quanto se perde de água tratada no Brasil

Pronta para ser usada pelos brasileiros, parte significativa da água tratada se perde nas tubulações de distribuição do País. A média nacional de desperdício é de 37,1%. Isto é, de cada 100 litros de água tratada no Brasil, 37,1 litros não chegam ao consumidor. A estimativa foi divulgada agora em setembro, na última edição do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), baseada em dados de 2009. “Para uma média brasileira, esse índice de perda é alto e precisa ser melhorado”, avalia Ernani Ciríaco de Miranda, coordenador do SNIS, do Ministério das Cidades. “Embora o índice seja alto, nós estamos vivendo no Brasil uma situação de estabilização”, pondera Miranda. A média é a menor desde que os cálculos começaram a ser feitos há 15 anos e representa uma queda de 0,3 ponto percentual em relação a 2008.


O desperdício está relacionado à falta de qualidade da infraestrutura e da gestão dos sistemas de distribuição de água no País. Entre os motivos para o desperdício de água estão vazamentos, ligações clandestinas, os famosos “gatos”, e falhas ou ausência de hidrômetros (relógio que calcula o consumo nas casas). “Os vazamentos respondem por cerca de 50% das perdas de água. O resto decorre de usos não autorizados, isto é, a água é usada pelo consumidor, mas não contabilizada”, diz. Segundo Raul Pinho, conselheiro do Instituto Trata Brasil, nos sistemas de água e esgoto do País, em geral, não são feitas manutenções preventivas e sim corretivas nas redes. “Como na maioria das grandes cidades, as redes de distribuição foram feitas há várias décadas, grande parte das estruturas já está com a vida útil vencida ou perto disso, o que faz com que os vazamentos e rompimentos sejam mais frequentes”, afirma.


Os últimos cálculos do SNIS, ainda de 2007, dão conta de que, se transformado em dinheiro, o volume de água perdido equivale a um prejuízo de R$ 7 bilhões. Por meio de investimentos e controles de perdas, 60% ou R$ 4,2 bilhões anuais poderiam ser recuperados. No fim, a situação também se reflete nos consumidores. “Imagine uma fábrica que joga fora quase 40% de sua produção! Alguém paga essa conta. No caso das perdas, somos nós mesmos, consumidores, que pagamos via tarifa”, diz Pinho. Além das implicações econômicas, há efeitos ambientais. “A água perdida, quando corresponde só aos vazamentos, nem sempre volta para os cursos d’água de onde foi tirada, o que pode causar alteração do balanço hídrico”, diz Miranda.


Os investimentos aumentaram, mas ainda são menores do que o estipulado no Plano Nacional de Saneamento Básico, que prevê aportes de R$ 13 bilhões anuais durante 20 anos. Em 2009, foram aplicados R$ 7,8 bilhões em saneamento, valor 40% maior que em 2008 e 85,1% superior ao de 2007. “O desafio é acelerar o índice de queda das perdas. Os investimentos em água e esgoto precisam durar e devem ser aplicados não só em novas obras, mas também na melhoria de gestão, qualificação técnica e modernização”, diz Miranda. Somados, os investimentos dos últimos anos usados nos Programas de Aceleramento do Crescimento 1 e 2 ultrapassam R$ 80 bilhões. Com as verbas aplicadas em obras, o setor gera postos de trabalho. Estima-se que em 2009 foram criados 119,2 mil novos empregos.


Postado pela Leticia

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